sexta-feira, outubro 01, 2004

O Prodígio da Macedônia

O Prodígio da Macedônia.
Resumo: trata-se de um pequeno texto biográfico sobre Alexandre o Grande, como prévia ao lançamento do filme que estará nos cinemas na segunda quinzena de novembro de 2004.
O prodígio da Macedônia.

“Alexander The Great
His name struck fear into the hearts of men
Alexander the Great
Became a legend mongst mortal men.”
Steve Harris


A Macedônia se localiza na região da península dos Balcãs, ou península balcânica, localidade onde se destaca a Grécia, entre outros países.

Antes ainda da ascenção dos romanos, após a decadência da democracia ateniense por volta dos século III a.C., a macedônia foi governada pelo rei Filipe.

O rei Filipe foi muito esperto ao aproveitar o desgaste da rivalidade entre Esparta e Atenas, isso sem contar com as constantes invasões persas, que foram enfraquecendo os reinos hegemônicos do mundo helênico. Neste sentido, aproveitando o pontapé inicial de Filipe, o príncipe da Macedônia, educado pelo maior professor que podia se contratar na época, Aristóteles, ao subir ao trono levou todos os projetos de construção da hegemonia macedônica de Filipe à realidade: tratava-se de Alexandre.

O pai de Alexandre morreu precocemente assassinado por um de seus chefes militares, e Alexandre tornou-se rei muito jovem, por volta dos vinte anos.

Dizem que era um rapaz extremamente belo e muito prendado nas várias artes que poderiam ser ensinadas a um jovem de elite de sua época. Também, pudera. Já foi dito quem era seu preceptor.

Ainda adolescente destacava-se na arte da equitação. Foi famoso o episódio em que surpreendeu cavaleiros mais experientes ao domar um cavalo extremamente rebelde e agressivo que viria a se tornar seu inseparável corcel: Bucéfalo. E o episódio contou com o descobrimento de uma técnica básica de adestramento equino percebida por Alexandre na ocasião: ele desconfiou que o nervosismo de Buce´falo vinha do medo que tinha da sua própria sombra; virando a cabeça de Bucéfalo em direção ao sol, pôde montá-lo sem maiores dificuldades. Ele tinha apenas treze anos, e havia nascido em 356 a.C.

Extremamente intelectualizado, desde os 13 anos estudou diversas matérias com seu admirável mestre: psicologia, astronomia, botânica, zoologia, letras, direito, retórica, lógica, medicina, política e, como não podia deixar de ser, a filosofia.
A influência de Aristóteles foi tanta que ocorria o seguinte: extremamente sanguinário, Alexandre tinha por hábito destruir TODAS as casas das cidades que seus exércitos invadiam, exceto... as casas dos filósofos.

Depois da conquista da Grécia, suas tropas marcharam sobre a Pérsia (Irã).

Foi famoso o episódio no qual cortou o “Nó Górdio” – havia um templo em Górdia, na Pérsia, e nele um nó, nó cego eu ninguém conseguia desfazer, e uma profecia de que quem desatasse o nó conquistaria a Pérsia. Ele simplesmente cortou o nó com sua espada.

Depois de conquistar a Pérsia marchou sobre o Egito, na época anexado ao que era o Império Persa.

A cultura sempre foi preocupação de Alexandre. Fundou uma cidade no Egito e deu-lhe seu nome: Alexandria, e fez dela o mais importante centro cultural da antiguidade, e financiou a construção de uma das mais importantes bibliotecas de toda a história, a qual chegou a oferecer meio milhão de obras, todas escritas em rolos de pergaminho manuscritas. Se não tivesse sido destruída séculos mais tarde pelos muçulmanos, com certeza seria hoje a maior biblioteca do mundo.

Alexandria tornou-se base de produção cultural do Império Macedônio; começou a atrair intelectuais de todo o mundo conhecido, já que ali não ocorria censura e o financiamento para pesquisas era abundante, isso sem contar com o ambiente de troca e interação cultural onde sábios do mundo todo se encontravam.

Neste centro construiu uma torre de trinta andares, inovadora para uma época em que comumente as construções não ultrapassavam dois andares. No alto desta torre foi instalado um farol, o famoso Farol de Alexandria, associando a simbologia da iluminação à cultura. A palavra farol tem sua origem aí, uma vez que esta torre foi construída na ilha de Faros.

Uma de suas últimas conquistas foi a Índia.

Casou-se com uma nobre persa de nome Roxana.

No seu retorno para a Macedônia, quando então Roxana estava grávida, parou na região da Babilônia. Tinha a intenção de tornar a cidade capital do seu império. Ali, acometido por uma estranha doença faleceu aos 33 anos de idade em 323 a.C., sem portanto conhecer seu único filho, Alexandre IV.
Após sua morte seu império foi dividido entre quatro partes, cada uma cabendo aos seus principais generais.

A política de difusão cultural promovida por Alexandre chamou-se de helenismo, a qual tinha como característica básica a unificação cultural de ocidente e oriente, e lançou as bases da cristianização do ocidente, uma vez que o cristianismo, alguns séculos mais tarde, encontrou terreno fértil em sua associação à cultura helênica, principalmente através do trabalho de Paulo que fundou comunidades cristãs nas principais cidades helênicas, herdeiras da cultura alexandrina, e também dirigiu obras codificadoras da ética cristã a estas comunidades, todas obviamente escritas em grego, cuja importância internacional, em função justamente do trabalho de Alexandre, corresponderia à atual importância do inglês: era o idioma mais utilizado nas comunicações de cunho internacional.

Alexandre o Grande recebeu uma importante e inusitada homenagem de uma das bandas de rock mais destacadas no pós-guerra: o Iron Maiden que em 1986 lançou a canção “Alexander The Great” em seu álbum “Somewhere in Time”, na qual toda a história dos maiores feitos de Alexandre é narrada. A música foi composta por Steve Harris, mas com certeza ocorreu aí influência de Bruce Dickinson, que além de vocalista é historiador. É mais uma das manifestações culturais do Iron Maiden, a “última das grandes bandas” da safra dos anos 70, cuja trajetória foi marcada por letras intelectualizadas e evocações de mitos e episódios históricos, como a denúncia do massacre de indígenas americanos pelos colonizadores europeus em “Run to the Hills”, o belo trabalho com a mitologia egípcia no álbum “Powerslave”, a descrição de um dos mais famosos mitos gregos em “Flight of The Ícarus” e outras.

E em muito breve, poderemos ver na telona a vida de Alexandre o Grande. Dando continuidade à atual tendência hollywoodyana de reviver a época dos grandes épicos dos anos 50 e 60, a qual começou com Gladiator, depois Troia e agora Alexander que estará nos cinemas brasileiros na segunda quinzena de novembro de 2004.

Douglas Gregorio::
Primavera de 2004.