terça-feira, agosto 10, 2004

Reflexões científicas sobre a bíblia

REFLEXÕES SOBRE CONSTATAÇÕES CIENTÍFICAS E PARACIENTÍFICAS ACERCA DE ALGUMAS PASSAGENS BÍBLICAS – 2ª edição.

Douglas Gregorio::
Resumo: trata-se de um longo texto que comenta do ponto de vista científico e paracientífico uma série de questões bíblicas, desmistificando uma série de lendas e equívocos, sem contudo atacar questões teológicas ou contestar dogmas de fé.

Introdução – a fé e a ciência

A religião e a ciência se parecem com personagens de canções sertanejas, pois ao longo da história sempre se portaram como um casal que vive entre tapas e beijos.

Em diversas ocasiões entraram em conflito para depois se reconciliarem.

Alguns episódios foram muito marcantes. Por exemplo, no Renascimento, época na qual muito se discutiu a respeito das concepções sobre o universo conhecido; todos sabemos que a versão oficial da Igreja na época era fundamentada nas teses aristotélicas que diziam que nosso planeta estaria estático no centro de um universo perfeito.

Os cientistas da pré-modernidade, ao contrário diziam: não o planeta Terra, mas o Sol estaria no centro de um sistema em movimento.

Por defender a teoria heliocêntrica cientistas foram mortos, torturados, presos e censurados pela Igreja. Giordano Bruno foi condenado à fogueira pela Santíssima Inquisição. Copérnico só deixou publicar o seu “A Revolução das Orbes Celestes” no dia de sua morte. Galileu, como bem se sabe, sofreu censura e prisão sendo obrigado a abjurar suas idéias para escapar da morte.

Centenas de anos depois o papa João Paulo II veio a público e apresentou o reconhecimento oficial de erro da Igreja no caso Galileu, gerando perplexidade na comunidade científica internacional pela postura cínica.

E assim, entre tapas e beijos, ciência e religião caminham lado a lado ao longo da história humana.

O texto que se segue trata de um tema muito delicado: o lado racional da existência da pessoa de Jesus.

O objetivo não é o de contestar dogmas ou denunciar atitudes de má fé da Igreja, desmascarar lendas e mitos ou coisa que o valha, mas sim o de chamar a atenção para alguns detalhes que geram grandes equívocos no entendimento daquele que talvez tenha sido o momento mais importante da história do ocidente: o curtíssimo período estimado em pouco mais de 30 anos no qual viveu um homem chamado Jesus na região do atual oriente médio, o qual a maioria das pessoas acredita ter sido a encarnação do Criador de todo o universo.

Seus ensinamentos morais e teológicos mudaram o curso da história do ocidente, exercendo até os dias de hoje, passados mais de dois mil anos, descomunal influência sobre a cultura de mais da metade da civilização. Um homem que dividiu a história. Tanto que o próprio calendário em vigência na maior parte do mundo tem como ponto zero o ano em que se estima que ele, Jesus, tenha nascido.

Mesmo as pessoas mais descrentes e avessas à religião são obrigadas a viver segundo leis civis totalmente baseadas na moral cristã.

Simples ou gigantescos, pobres ou suntuosos, templos cristãos de várias denominações se espalham pelo mundo. Além das igrejas tradicionais existe um sem número de doutrinas, seitas e organizações, e cada uma delas reivindica ser a legítima herdeira e representante da doutrina de Jesus. A influência política e social das organizações e instituições cristãs podem ser sentidas em todos os momentos da história, inclusive no presente.

O texto a seguir não pretende ser um estudo completo, muito menos tem um caráter acadêmico. Expõe somente algumas considerações científicas e religiosas coletadas ao longo de uma vida de estudos... até o momento.

ADVERTÊNCIA – aconselho que só prossiga a leitura caso você souber administrar em sua consciência de forma harmônica a abordagem de assuntos, a princípio religiosos, à luz da história e da arqueologia, ou seja, à luz da ciência.

Não é objetivo deste texto contestar valores da doutrina cristã ou judaica, muito menos dogmas de fé. Em nenhum momento minha intenção foi a de apresentar qualquer tipo de denúncia ou coisa parecida. Não se trata disso absolutamente.

Em resumo, este texto fala de um Jesus histórico, o Jesus humano que viveu em sociedade. Não fala sobre o Jesus dos altares, o Jesus teológico, o Jesus que vive na convicção daqueles que vivenciam a experiência da fé. O Jesus do qual fala este texto é o Jesus que nasceu, viveu e morreu na Palestina num determinado período da história.

O assunto é delicado, portanto, peço bastante bom senso e compreensão porque não quero provocar a discórdia, muito menos ofender cristãos ou judeus de quaisquer denominações.

Nota sobre a segunda edição – nada foi excluído do texto original da primeira edição deste estudo. Esta segunda edição, além de aprimorar a redação e editoração do texto, acrescenta e aprofunda algumas informações, mas reitero que nada foi excluído do texto original da primeira edição.

O AUTOR.
Outono de 2004

As fontes de informação – a bíblia e os escritos apócrifos.

Se fôssemos comentar questões sobre conflitos que ocorrem entre constatações racionais e relatos literários da bíblia de um modo geral, o que não é objetivo deste texto, surgiriam debates como, por exemplo, sobre o processo do êxodo dos judeus do Egito que aparece no antigo testamento, o qual estima-se ter ocorrido há mais de cinco mil e setecentos anos.

As famosas “pragas” que recaíram como maldições sobre o Egito, as quais teriam sido obra da ira do Todo Poderoso segundo o relato bíblico, podem ser analisadas sob outro ponto de vista que não seja o religioso.

Ainda hoje há épocas do ano em que as águas se tornam barrentas assumindo cor avermelhada como sangue, obviamente épocas de chuvas. Considerando as latitudes equatoriais do Egito, haveria muito granizo e chuvas ácidas que arrasariam plantações como se elas tivessem sido submetidas a uma chuva de fogo; a umidade excessiva faria com que moscas se multiplicassem, espalhando doenças de pele que provocariam feridas, ou ainda outros tipos de doenças contagiosas das quais os recém-nascidos e lactentes seriam vítimas fatais. As rãs também se multiplicariam, dada a abundância de alimento que teriam.

Nenhum destes fenômenos seria fora do comum.

Ainda sobre este assunto ocorrem épocas do ano nas quais as marés que ocorrem na delta do Nilo fazem com que se torne possível atravessar a pé porções de terra que antes eram o fundo do Mar Vermelho.

Assim, podemos perceber que muitas vezes as tradições religiosas podem lançar mão de fenômenos naturais floreando-os com artifícios literários.

No novo testamento, bem como nas tradições religiosas pós-bíblicas isto não deixa de acontecer.

Vejam o conflito que existe nas informações que Lucas, em seu evangelho, nos dá a respeito de fatos históricos narrados. Fala Lucas que o nascimento de Jesus deu-se durante o reinado de Herodes, quando então Quirino seria o govenador romano da Síria, época na qual o imperador Augusto havia ordenado um recenseamento[1].

Pois bem, os registros históricos dizem o seguinte: quando Quirino governou a Síria, Herodes já havia morrido, e não existe registro ou sequer alusão em qualquer outra fonte possível e imaginável que o Imperador Augusto tenha convocado um recenseamento.

A bíblia, no seu novo testamento, conta com quatro evangelhos tidos como “oficiais”. Porém, é de conhecimento geral que existem diversos outros escritos históricos, muitos dos quais escritos por personalidades bíblicas importantes como os apóstolos Pedro, Tiago, Bartolomeu e vários outros, falando sobre os ensinamentos, a vida e os feitos de Jesus, ou mesmo sobre épocas bíblicas anteriores ou posteriores a Jesus.

Tais escritos, os ditos livros “apócrifos” indiscutivelmente são documentos históricos dos tempos bíblicos, e sob uma série de alegações ao longo da história foram apartados da versão “oficial” que temos hoje da bíblia. No entender da ciência, os apócrifos não podem, em hipótese alguma, serem ignorados.

Um dos motivos que a Igreja alega para excluí-los do cânon bíblico é o de que foram escritos em épocas muito distantes da passagem de Jesus pela terra, mais precisamente a partir do segundo século da Era Cristã, o que lhes torna suspeitos de apresentarem informações imprecisas. Porém, fato é que, mesmo os quatro evangelhos oficiais não possuem confirmações cabais da data nas quais foram escritos.

Além disso, os apócrifos possuem informações que entram em choque com a imagem que se tem dos fatos e personagens bíblicos em geral, inclusive de Jesus, que poderiam gerar sérios conflitos.

Tomemos como exemplo o apócrifo evangelho árabe da infância de Jesus, adotado pelos cristãos coptas do Egito. Ele possui passagens que podem ser consideradas, no mínimo, polêmicas.

Ele narra que numa ocasião Jesus menino brincava com seus amiguinhos moldando bichos de barro; com seus poderes sobrenaturais, miraculosamente fazia com que os bichinhos ganhassem vida e se movessem. Estava com seus amiguinhos nesta brincadeira miraculosa quando se desentendeu com um deles, e o matou com uma simples ordem. Na seqüência, este evangelho narra outra passagem na qual Jesus criança, irritado com um golpe acidental que recebeu de uma criança que corria próximo a ele, também a mata com uma simples ordem. Há outra passagem ainda na qual Jesus é encaminhado à escola onde um professor repreende suas travessuras infantis. Desgostoso com a reprimenda que recebera, o menino Jesus também mata o professor de forma sobrenatural. Tais fatos fazem com que seus pais decidam por afastá-lo do convívio comunitário até que amadureça e aprenda a controlar seus poderes, uma vez que ele matava qualquer pessoa diante da mínima contrariedade.

Se Jesus realmente cometeu tais atos não há como provar do ponto de vista racional e científico, e também não podemos dizer que os evangelhos, sejam os apócrifos ou os “oficiais” constituam fontes idôneas e precisas da narração biográfica de Jesus porque, afinal de contas, foram escritos por partidários, seguidores e discípulos, não podendo portanto ser considerados fontes neutras de informações históricas.

Por exemplo, existe quase que uma unânimidade entre os atuais pesquisadores ao afirmarem ser pouco provável que Jesus tenha nascido em Belém. Mais provável que Jesus tenha nascido na cidade de Nazaré. A própria Igreja, que tradicionalmente reage de forma veemente a contestações do gênero, assume uma surpreendente postura semi-aberta de defesa desta tese. Como ficaria então a devoção que existe à Igreja da Natividade em Belém, construída sobre o local onde se acredita Jesus ter nascido, local este assinalado por uma estrela de prata afixada no chão?!

A data é outra controvérsia entre os historiadores, incluindo aí historiadores que também são padres católicos. O padre John Meier fala que Jesus teria nascido no ano 7 ou 6 a.C., dois anos antes da morte de Herodes em 4 a.C, e precisa a morte de Jesus em 7 de abril do ano 30 [2].

Continuando nesta linha de raciocínio, a visita dos reis magos e o posterior massacre dos meninos recém-nascidos seriam apenas lendas carregadas de simbolismo, tal como aparecem no segundo capítulo do evangelho de Mateus: os três reis simbolizam numericamente a plenitude; o fato de representarem nações diferentes simboliza a universalidade do advento do Cristo para a humanidade, e o fato de serem reis simboliza a superioridade da realeza do submissão de todo e qualquer poder temporal à realeza daquele que seria o Filho de Deus. Os três presentes seriam o ouro, símbolo da realeza, o incenso, símbolo da divindade e a mirra, símbolo da amargura que remete à dor, portanto, a condição humana e a missão de Jesus.

Com certeza, Mateus quis muito mais transmitir idéias teológicas através do simbolismo utilizado do que descrever os fatos e circunstâncias que envolveram o nascimento de Jesus tal como ele tenha de fato ocorrido.

No apócrifo evangelho Armênio da infância de Jesus ocorrem descrições de um faustoso cortejo dos reis magos em visita a Herodes a fim de tomar satisfações sobre o nascimento do messias, apresentando-lhe uma carta que herdaram do próprio Seth, que teria sido o terceiro filho de Adão, do qual descenderia o messias, no caso, Jesus. Cabe a nós observar que o livro do Gênese que nos fala sobre Seth data de 3000 anos anteriores ao nascimento de Jesus. Será que uma carta seria conservada por tanto tempo assim?!

Segundo o padre Jaldemir Vitório, o texto que alude ao nascimento de Jesus no evangelho de Mateus lança mão do gênero literário “midrash”, que utiliza a vida de grandes personagens históricos para narrar a vida de outro personagem histórico posterior. Assim, o nascimento em Belém seria uma associação ao rei Davi do antigo testamento[3].

Além da questão da natividade, não há sinais de que Jesus teria exercido a profissão de carpinteiro. Mais provável que tenha sido pescador ou agricultor, pelo que podemos deduzir com base nas próprias informações obtidas nos evangelhos “oficiais” e também das condições sócio-econômicas da época. Ao observar as parábolas evangélicas atribuídas a Jesus e as descrições de situações cotidianas por ele vividas, encontraremos constantes alusões à agricultura: plantações de videiras, trigo, mostarda, oliveiras, figueiras, flores do campo e outras, bem como barcos, águas, redes, peixes, inclusive há várias passagens nas quais Jesus aparece dentro das embarcações.

Se Jesus utilizava elementos do imaginário popular para compor suas pregações de modo que as pessoas mais simples pudessem entender o teor de seus ensinamentos, por que em nenhum momento, nem em escritos apócrifos, nem em escritos oficiais, encontrou-se uma narração aludindo à madeira trabalhada, confecção de móveis, oficinas e ferramentas de carpintaria?! Alguns estudiosos afirmam que, na época, o termo “carpinteiro” era usado para se referir a trabalhadores humildes, algo como o popular termo “peão” que se usa hoje para trabalhadores de baixa qualificação.

Outro sinal de contradição que aparece nos evangelhos está na genealogia de Jesus tal como ela é descrita por Mateus e como é descrita por Lucas. Ambos os evangelistas apresentam longas listas de antepassados, porém, só existem apenas dois nomes em comum entre ambas.

É no mínimo um fato que merece uma checagem mais precisa a transição das tradições orais[4] para a tradição escrita, pois o tempo e as influências envolvidas submetem a essência das mensagens à diversas influências que podem alterar o seu teor e desviar os fatos da veracidade.

Os ditos, feitos, doutrina e ensinamentos de Jesus eram transmitidos por tradição oral até aproximadamente 70 anos após a data estimada de seu nascimento, quando então Marcos escreveu o seu evangelho, considerado o primeiro a ser escrito.[5] Por isso mesmo é que muitas narrações dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) começam com as frases: “naquele tempo”, “naqueles dias”, “naquela época” e outras similares.

Por estes exemplos podemos perceber o quanto existem de desencontros e contradições dentro da própria bíblia, que antes de mais nada trata-se de um documento histórico composto de escritos reunidos, escritos estes originados de épocas e lugares muitas vezes muitos distantes, séculos, milênios até. Foram transmitidos a nós de diversas formas, sujeitos a alterações e mesmo a adulterações ao longo dos séculos; traduções sobre traduções, versões as mais diversas sujeitas a fatores mil que podem influenciar, tais como diferenças culturais de tempo e lugar, perseguições e interpretações políticas e religiosas, e vários outros.

Convenhamos que, do ponto de vista racional, a probabilidade de que os escritos bíblicos tenham chegado a nós alterados de alguma forma é muito maior que a probabilidade de serem hoje, tal como são, fiéis à sua origem.


Leitura científica e leitura religiosa da bíblia.

Não se falará aqui sobre a questão da interpretação da bíblia, pois como já firmamos na introdução, o objetivo deste texto não é o de contestar dogmas teológicos. Trata-se de depurar os fatos históricos documentados pelos textos bíblicos, separando as conclusões que temos ao longo da história sobre seu real significado, das tradições religiosas, literárias e populares criadas com fins pedagógicos ou publicitários.

O que estamos querendo dizer é que, para se ter uma noção precisa do que ocorreu na época de um fato bíblico, precisamos abordar este texto de forma científica, à luz da arqueologia, sociologia, política, economia e outras ciências, comparando os fatos paralelos a este fato, as documentações paralelas aos escritos bíblicos, sem temer estar contrariando alguma tradição teológica divulgada a título de compreensão popular e transmissão facilitada da mensagem.

Vamos tomar por exemplo a crucificação de Jesus, como veremos no ítem a seguir.

Jesus foi um condenado por causas essencialmente políticas.

A tortura da cruz era especialmente reservada para os inimigos de Roma, ou seja, para os opositores políticos do Império Romano. Logo, Jesus e os ditos “ladrões” crucificados ao seu lado foram condenados por motivos que merecem uma análise mais apurada do que considerar somente aquilo que a bíblia nos diz.

A inscrição que era colocada sobre a cruz tinha por função explicar o motivo da condenação. E por que esta inscrição foi escrita em três idiomas: grego, latim e hebraico? Simples: grego porque era um idioma internacional, equivalente ao que o inglês é para nós hoje. Hebraico porque esta era a língua local e latim porque era a língua oficial do Império Romano[6].

“Jesus de Nazaré, o rei dos judeus”, este foi o motivo da condenação de Jesus. Pode parecer que isto não seja motivo, aliás, nem lógica tem esta relação. Vamos então esclarecer algumas coisas: proclamar-se rei era o mesmo que desafiar diretamente o poder do Império Romano, já que diante de César não poderia haver outros reis. E Jesus proclamou-se rei no interrogatório ao qual foi submetido[7]. Mesmo ressalvando que seu reino não era deste mundo, conceitualmente Jesus proclamou-se rei, e esta foi a causa central da sua condenação ao suplício na cruz.

No ato da crucificação, ocorreu uma discussão entre as autoridades judaicas e Pilatos quanto à inscrição na cruz. Os judeus queriam que estivesse escrito: “Eu sou o rei dos judeus”, mas os romanos escreveram “O rei dos Judeus”, ao que as autoridades romanas responderam: “O que escrevi, escrevi”.[8] O que significa isto?

Se nós vivessemos naquela época, e passassemos diante de uma pessoa crucificada, moribunda, e vissemos a inscrição “Fulano, o rei do povo x”, o que iríamos pensar? Podíamos até sentir pena de ver uma pessoa passando por tanta dor, mas não há como negar que seria no mínimo irônico ver o “rei” naquela situação; e que povo fraco este que permitiu que seu rei fosse submetido a tudo aquilo...

Assim, dizer que Jesus era “o rei dos judeus” era zombar de todos os judeus, pois, ao olhar para aquela cena, quem associaria aquela imagem à imagem de um rei? E vale lembrar que um rei representa toda uma nação. Em outras palavras, foi uma atitude irônica dos romanos para com Jesus e os judeus em geral. Por isso os judeus insistiram para que os romanos escrevessem “eu sou o rei dos judeus” porque, ao colocar a frase na voz ativa, toda a carga irônica excluiria do seu escopo os judeus em geral, recaindo somente sobre a pessoa de Jesus ao permitir a seguinte réplica: “nenhum judeu reconhece um rei neste homem, quem está dizendo isso é ele”.

A recusa dos romanos em alterar a frase fazia parte de sua arrogante política de humilhação dos povos dominados.

Até aqui nada de contraditório, mas, Jesus foi um condenado político, e a causa imediata da condenação de Jesus ainda não está clara.

Proclamar-se rei era um crime político perante os romanos, mas este ato não se resumiu a uma resposta dada num interrogatório.

Imaginemos se um simples mendigo lançasse insultos em praça pública contra César. O máximo que aconteceria seria simplesmente ser surrado pelos soldados romanos até se calar, se é que os soldados se preocupariam com isso. Por que então Jesus era tão ameaçador a ponto de merecer a condenação à morte?

Alguns podem contestar a tese de que a causa da condenação de Jesus teria sido política em função das passagens onde os fariseus, juntamente com partidários do rei Herodes, buscavam algo para incriminá-lo publicamente. Para tanto, usaram-se do questionamento sobre o imposto que era pago pelos judeus aos dominadores romanos; a resposta foi muito mais astuta que a pergunta: “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus” [9]. Porém, podemos perceber o quanto estas passagens reforçam por sí mesmas a tese da condenação política.

Ciente da conotação política de seu ministério, a resposta de Jesus nada mais foi que uma resposta política. Como líder de destaque em seu tempo, Jesus não seria ingênuo ao ponto de cair numa armadilha retórica cujos objetivos eram o de deixá-lo sem saída: se a resposta fosse positiva, Jesus estaria publicamente desmoralizado; se a resposta fosse negativa como seus adversários esperavam, estaria de forma pública e notória configurada uma causa de prisão: incitação popular à insubordinação.

Entregar-se à prisão, ainda de forma tão tola, obviamente não estava nos planos de Jesus naquele momento. Por isso sua saída retórica demonstrou a superioridade perceptível ao ser duplamente positiva: paguemos então nossos impostos, se este é o preço a ser pago para que possamos continuar servindo ao nosso Deus – o fim compensa o meio.

A bíblia fala que Jesus invadiu o templo de Jerusalém armado com um chicote e revirou as mesas dos cambistas.

Foi esta a causa imediata da prisão de Jesus.

Era no templo de Jerusalém que ocorria a troca da moeda local pela moeda romana, ou seja, o câmbio. Era um local de negócios. Mais que simples pombos e outras quinquilharias, o templo na verdade funcionava como centro financeiro daquela região.

Não é difícil supor que o templo equivalia às nossas atuais bolsas de valores. Com certeza era no templo que se reuniam os homens de negócios para realizar suas transações.

Um lugar tão importante assim, obviamente, seria muito movimentado e policiado. Será que um só homem armado com um chicote conseguiria entrar e causar todo um tumulto? Não seria ele rapidamente contido e expulso dali pelos vigias? Mas não. Foi dito que ele revirou mesas e expulsou os “vendilhões”.

Obviamente que Jesus não fez tudo isso sozinho. Não é difícil entender que Jesus só conseguiria ter invadido o templo acompanhado de uma multidão revoltosa enfurecida; afinal de contas, Jesus era um pregador seguido por multidões. Tratava-se portanto de uma revolta popular com forte conotação política, o que tornava Jesus um elemento ameaçador à ordem política e social ditada pelos dominadores romanos, os quais contavam com o apoio da classe dominante local.

Após sua prisão, Jesus foi submetido a julgamento popular que deu ao povo reunido em praça pública o poder de escolha entre Barrabás e Jesus. Ambos eram acusados do mesmo crime: sublevar a população contra o poderio romano.

Barrabás era um zelota. Os zelotas constituiam um movimento político de cunho guerrilheiro, cujo objetivo era o de combater a dominação romana na palestina. Barrabás nunca foi um ladrão como a história o acusou, bem como os outros dois crucificados ao lado de Jesus também eram zelotas, e não ladrões. Ladrões nunca eram crucificados, somente condenados por motivos políticos eram crucificados.

As imagens da crucificação que se fizeram ao longo da história contém diversos equívocos de pequena importância, mas que podem intrigar os leigos.

Nas imagens tradicionais, Jesus aparece com cravos fincados nas palmas das mãos e nos pés, um sobre o outro, atravessados pelo cravo a partir do “peito” do pé, sobre uma cunha colocada debaixo dos pés como escora.

Existiam diversas técnicas da tortura da crucificação. Famosa foi, por exemplo, a crucificação de André, que se deu em X, ou a de Pedro, que se deu de cabeça para baixo, segundo a história, por pedido do apóstolo que alegava não ter a dignidade para morrer da mesma forma que o seu Senhor.

A técnica utilizada para crucificar Jesus foi a crucificação latina, e funcionava da seguinte forma: primeiro, o condenado era submetido a horas de torturas preliminares que o deixavam exausto. Tais torturas eram basicamente o açoitamento com chicote latino, composto de três tiras de couro com duas bolas de chumbo nas pontas cada. A pessoa era algemada com os braços acima da cabeça, presa a um poste, e dois carrascos aplicavam golpes, um de cada lado, intercalando de forma intermitente os golpes.

Como já sabemos, o condenado era obrigado a carregar a cruz até o local onde seria crucificado. Os locais de crucificação eram pré-determinados pelas autoridades romanas, e nestes locais já existiam postes adequados à crucificação, assim, o que era carregado pelo condenado não seria o conjunto da cruz, composto de poste vertical e trave horizontal, mas somente esta última peça.

Os cravos eram fincados não nas palmas das mãos, pois neste local eles não sutentariam o peso do corpo. Na verdade, eles eram fincados pouco abaixo dos pulsos, na extremidade do braço, onde se encontram em bifurcação os dois longos ossos que compõe a parte anterior do braço, garantindo assim a sustentação, funcionando como argola.

Da cintura para baixo, o crucificado era colocado na posição de perfil (de lado), colocando-se uma tabuinha sobre seus tornozelos nas quais era fincado um longo cravo que atravessava os pés logo acima dos tornozelos, já junção com as pernas, que eram ligeiramente dobradas obrigando o crucificado a se apoiar sobre o cravo, potencializando suas dores.

O objetivo desta técnica de tortura era a de causar uma morte lenta e muito dolorosa, já que a causa da morte seria a asfixia. Exaurido de suas forças e obrigado a sustentar o peso de seu corpo sobre cravos que atravessavam sua carne e seus ossos, o organismo reagia com dificuldades de circulação do sangue, considerando que no processo de açoitamento já teria perdido sangue, e as feridas dos cravos provocariam uma lenta hemorragia, o que provocava fortes formigamentos pelo corpo todo.

Na crucificação latina as canelas do condenado eram fraturadas no ato da fixação na cruz para tornar o apoio ainda mais dolorido.

Todo o processo culminava com uma lenta e progressiva diminuição da capacidade respiratória até provocar horas mais tarde o colapso dos pulmões, não sem antes ter sofrido fortes dores abdominais pelo comprometimento do diafragma.

Dependendo da situação do acusado, por piedade os carrascos aplicavam golpes de lança ou espada para acelerar o processo; Jesus teve seu corpo atravessado por uma lança.[10]

Para se comprovar que a cruz era reservada exclusivamente para os inimigos políticos de Roma que contra ela ousavam insuflar as massas, e não para criminosos comuns, podemos citar o exemplo do líder escravo Espártaco e seus milicianos, escravos revoltosos. Mulheres e crianças das milícias de Espártaco foram escravizadas e os homens sobreviventes da batalha na qual a milícia foi subjugada, todos crucificados, inclusive Espártaco.

A aparência de Jesus

O filme “Jesus de Nazaré”, lançado em 1977 pelo diretor Franco Zefirelli fez grande sucesso. Nele, o ator que representa Jesus, Robert Powell, era um homem tão belo que provocava suspiros nas platéias femininas. Tinha cabelos loiros e encaracolados, alva pele indo-européia, brilhantes olhos profundos de um azul bem vivo.

Esta imagem foi utilizada por muitos artistas ao longo da história para retratar a pessoa de Jesus.

A bíblia não faz menção à aparência física da pessoa de Jesus.

Fato é que, na Palestina daqueles tempos, os judeus apresentavam características muito próximas à dos atuais árabes: pele numa tonalidade escura intermediária entre a pele ariana e a pele negróide, olhos entre o castanho escuro e o preto como os cabelos, de aspecto também intermediário entre o ariano encaracolado e o negróide.


Seriam os ensinamentos e práticas de Jesus originais e autóctones?

Sobre a questão da origem da bagagem cultural demonstrada por Jesus, as atenções recaem sobre o misterioso período de pobre documentação histórica que remonta a infância e a juventude de Jesus, já que se estima que seu trabalho começou a obter notoriedade pública a partir dos seus últimos três anos de vida.

Muitas suposições e teorias já se desenvolveram sobrte esta questão. De uma forma generalizada a hipótese mais comum é a de que de alguma forma Jesus estaria se dedicando a estudos.

Isto entraria em contradição com o status que envolvia a pessoa de Jesus, o “filho do carpinteiro”, cujo significado já foi explicado anteriormente. Afinal de contas, sabemos que o acesso das classes populares à alfabetização é algo que surgiu recentemente na história da humanidade, a partir da Revolução Francesa no século XVIII, e mais acentuadamente a partir do século XX, pois mesmo na atualidade encontra-se significativas parcelas das classes menos favorecidas analfabetizadas em países mais pobres.

Até então, a alfabetização era um privilégio das elites. Como Jesus obteve seus conhecimentos ainda permancece um mistério.

Existe uma hipótese de que Jesus teria sido educado no Egito, sob a responsabilidade de sociedades iniciáticas. Pode até ser possível, já que Mateus nos fala que a família de Jesus, logo após seu nascimento, foi para o Egito fugindo da perseguição de Herodes [11], porém, o evangelista é taxativo com relação ao curto período de permanência no Egito e o retorno à Galiléia quando Jesus ainda era um bebê, nada falando sobre o envolvimento de Jesus em escolas iniciáticas egípcias. Assim, estamos diante de uma possibilidade extremamente hipotética.

Outra hipótese, e esta sim muito mais provável, seria a de que Jesus teria sido educado pelos Essênios. Segundo estudos arqueológicos sobre os Manuscritos do Mar Morto, não só sobre o teor dos textos, mas também as circunstâncias que os originaram, sabe-se que os Essênios compunham uma sociedade iniciática estabelecida na região onde teria vivido Jesus.

Judeus por convicção radical, os Essênios seguiam uma rígida disciplina moral e alimentar. Celibatários, dedicavam-se com afinco ao estudo das antigas escrituras, em especial da bíblia.

De vida simples, os Essênios adotavam um estilo de vida isolado em comunidades semelhantes aos monastérios nas desérticas e afastadas regiões de Qmran, ao sul de Israel.

Os Manuscritos do Mar Morto e as circunstâncias que os originaram refletem indubitavelmente todo o ambiente ideológico e histórico no qual viveu Jesus. Tratam-se de uma biblioteca escrita em papiros, encontradas em cavernas da já citada região de Qmran em 1947, considerada uma das mais estupendas descobertas arqueológicas do século XX.

As cavernas nas quais estavam escondidos em jarras situam-se próximas a um sítio arqueológico no qual se constatou a existência de um antigo monastério Essênio destruído por volta do ano 68 da Era Cristã, descoberto pelo padre Roland de Vaux, arqueólogo, no início dos anos 50. Numa região de revoltas políticas e de constantes invasões e guerras, nada mais sensato que preservar uma biblioteca de uma provável destruição escondendo-a num local onde dificilmente seria descoberta por invasores.

Os Manuscritos do Mar Morto reunem documentos datados entre 67 a.C. e 200 d. C., portanto, a comunidade esteve ativa na época contemporânea de Jesus.

Não há nos Manuscritos do Mar Morto nenhuma alusão à pessoa de Jesus, porém, ocorrem uma série de coincidências que de certa forma ligam Jesus aos Essênios.

Os Essênios organizavam-se em grupos de doze discípulos e um líder. Realizavam o ritual eucarístico do pão e vinho. Realizavam o ritual do batismo com água [12], praticavam o celibato, dedicavam-se à cura das doenças, acreditavam na não-violência e pregavam a divisão igualitária dos bens entre os membros da comunidade.

O retiro espiritual realizado por Jesus no deserto dedicando-se ao jejum e meditação por quarenta dias com o objetivo de colocar-se à prova seria uma prática Essênia [13].

A túnica de Jesus era tramada numa única peça, sem costuras [14]. Tramar a túnica numa única peça sem costuras era um costume Essênio[15].

Até o momento não se estabeleceu nenhuma prova cabal de que Jesus teria tido ligação com os Essênios, porém, como podemos perceber, as coincidências são enormes, detalhistas até.

Há uma certa controvérsia sobre a seguinte questão: teria Jesus sido influenciado pelos Essênios ou o contrário? Pois bem, os Essênios entraram em processo de decadência na época posterior à morte de Jesus, e o cristianismo começou a se desenvolver por volta de 70 d.C., e o desaparecimento dos Essênios coincide com esta data. Assim, mais provável que Jesus tenha sido influenciado pelos Essênios que o contrário.


Teria a obra de Jesus terminado na cruz?

Desde o final do século XIX pesquisadores de diversas nacionalidades contestam o desaparecimento de Jesus após sua morte na cruz. Mas, como isso seria possível?

Segundo a tradição evangélica, o corpo de Jesus teria desaparecido da sepultura, ressuscitado. Após algumas aparições e a transmissão de mais alguns ensinamentos, ele teria ascendido aos céus.

Mas há pesquisadores que afirmam que as coisas foram além disso.

Nicolas Notovitch, russo, afirmou que em 1894 teria descoberto no Tibete um manuscrito que estava em guarda de um mosteiro budista na cidade de Himis, no qual haviam registros da vida de um homem santo naquele mosteiro chamado Issa, que seria Jesus.

Nos trinta anos posteriores desenrolou-se uma polêmica sobre o tal manuscrito. Pesquisadores chegaram a acusar Notovitch de fraude, entre eles o hindu Abhedananda, pesquisador, e seu amigo inglês Max Muller, especialista em línguas orientais.

Tanto Abhedananda como Muller chegaram a afirmar categoricamente que a história de Issa não passava de uma grande fraude, anos antes de 1929, quando numa atitude paradoxal lideraram um projeto de pesquisa que culminou na publicação da tradução e comentário do tal manuscrito, corroborando a crença na veracidade da história de Issa.

Os lamas do mosteiro de Himis anos antes negaram a visita de Notovitch e a existência do manuscrito. Porém, naquele ano de 1929, surgiu uma forte corrente de lamas de Himis que contradiziam as declarações dos colegas, afirmando que Notovitch havia sim visitado o mosteiro, e o manuscrito, autêntico.

No mesmo ano de 1929, outro pesquisador russo, Nicolas Roerich, estava realizando trabalhos na região de Ladakh e Caxemira, onde constatou registros da passagem no local de um santo homem chamado Issa, grande mestre de virtude e profeta.

Segundo os registros pesquisados por Roerich, Issa teria vindo de uma terra distante e recebido profunda instrução em mosteiros e outros centros religiosos e culturais da Índia a respeito dos escritos védicos e correntes diversas do hinduísmo. Consta ainda que, após entrar em conflito com as classes sacerdotais por se opor ao sistema de castas, alegando que o mesmo não era o desígnio de Deus para a humanidade, Issa teria sido expulso da Índia, e dirigiu-se ao Nepal.

No Nepal, Issa teria por muitos anos se dedicado ao estudo do budismo, e depois continuou suas viagens, sempre denunciando as hipocrisias das classes sacerdotais, defendendo a redenção das classes menos favorecidas e minorias sociais.

Por tais práticas, Issa também sofreu perseguições na Pérsia de onde foi expulso, tendo retornado então à Palestina, onde reafirmou sua origem israelita.

Ainda hoje, na cidade de Srinagar, na região de Anzimar, na Caxemira, pode-se visitar uma antiga tumba de um profeta chamado Yuz Assaf. Esta sepultura está orientada de leste para oeste, tal como perscreve a tradição judaica. Sobre esta tumba se encontra uma lápide decorada com a imagem de Yuz Assaf, e o mesmo apresenta cicatrizes nas mãos e nos pés.

Yuz Assaf teria morrido por volta dos oitenta anos, e teria se casado, gerando filhos.
Até hoje, os descendentes de Yuz Assaf reivindicam o reconhecimento da descendência direta de Jesus.


Epílogo

Enfim, encerramos esta pequena reflexão de cunho científico sobre a história e a arqueologia de fatos e questões que se relacionam a Jesus, a bíblia e o cristianismo.

Eu espero que este trabalho colabore com a sua reflexão, meu caro leitor, e enriqueça o seus conhecimentos acerca de um dos principais pilares da cultura ocidental: as origens judaico-cristãs.

Para os que não têm fé, que este estudo não seja uma arma de ataque contra os crentes, já que não foi criado com este objetivo. Aos que têm fé, que este estudo sirva para que reflitam sobre suas convicções, agora enriquecidos com maiores conhecimentos sobre aquilo que tanto respeitam.

Longe de ser um tratado completo, este estudo ignora a maioria das milhares de versões sobre as mais diversas passagens bíblicas. É só um pouquinho daquilo que eu conheço e quero, sem nenhuma intenção lucrativa, dividir com você, leitor amigo.

Douglas Gregorio Miguel ::
outono de 2004.

Bibliografia:

- École Biblique de Jerusalém / A Bíblia de Jerusalem / Edições Paulinas, São Paulo, 1985. (antigo e novo testamento).

- Marques, Oscar C. / O Mistério da Rosa Mística / Editora Tecnoprint, Rio de Janeiro, 1991 (em especial o capítulo 5: “A Fraternidade Essênia, ramo esotérico da Fraternidade Branca”).

- Tricca, Maria H. O. (org.) / Apócrifos, os Proscritos da Bíblia / Mercuryo, São Paulo, 1989.

- Tricca, Maria H. O. (org.) / Apócrifos II, os Proscritos da Bíblia / Mercuryo, São Paulo, 1992.

- Vermes, Geza (org.) / Os Manuscritos do Mar Morto / Mercuryo, São Paulo, 1995.

- Wilson, Edmund / Os Manuscritos do Mar Morto / Cia. Das Letras, São Paulo, 1994.

- Putin, P. e Schoereder, G. / Os Anos Misteriosos de Jesus / in Revista Sexto Sentido nº 04 / pp. 32 – 35 / Mythos, São Paulo, 1994.

- Cavalcante, R. / Quem foi Jesus? / in Revista Super Interessante nº 183 / pp. 41 – 49 / Abril, São Paulo, 2002.

- Toledo, R. P. de / O Jesus da História / in Revista Veja de 23 de dezembro de 1992 / pp. 48 – 59 / São Paulo, Abril, 1992.
[1] - Lc 1, 5; 2, 1-2.
[2] - Meier, John / Rethinking the Historical Jesus / Doubleday, New York, 1991.
[3] - Declaração dada à revista Super Interessante nº 183, publicada em dezembro de 2002.

[4] - Tradições orais: conhecimento não documentado, não escrito, transmitido de boca em boca.
[5] - Não confundir a ordem com a qual se apresentam os livros bíblicos com a ordem cronológica na qual foram escritos; na bíblia, o primeiro evangelho “oficial” que aparece é o de Mateus, mas cronologicamente, o primeiro evangelho a ser escrito foi o de Marcos.
[6] - A título de curiosidade, a famosa sigla INRI que temos divulgada hoje em dia é a abreviatura de parte do que estava escrito no alto da cruz, especificamente a frase em latim, a saber: IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM – Jesus Nazareno Rei dos Judeus.
[7] - Jo 18, 37.
[8] - Jo 19, 21-22.
[9] - Mt 22, 15-22; Mc 12, 13-17; Lc 20, 20-26.
[10] - Para maiores detalhes sobre as técnicas de crucificação confira: Keller, Werner / E a Bíblia Tinha Razão / Melhoramentos, São Paulo, 2000.
[11] - Mt, 2 13 – 23.
[12] - É quase que certo que João Batista teria sido um Essênio, pois a descrição de sua pessoa e de seus hábitos como temos no evangelho de Mateus 3, 4 é extremamente semelhante ao modo de vida dos Essênios.
[13] - Mt. 4, 1-2.
[14] - Jo 19, 23.
[15] - Marques, Oscar C. / O Mistério da Rosa Mística/ Tecnoprint – Rio de Janeiro, 1991 – p. 80.